CONFLITOS EM MISSÃO?!
Atualizado: 22 de mai. de 2021
Sim! Ele existe e a Mediação de conflitos e Cuidado está para também apoiar a igreja no processo de envio e serviço de missionários no campo. Para isso é importante lembrar que, tanto no processo como no serviço, já no campo missionário, sempre estarão envolvidos diferentes grupos de pessoas com um mesmo alvo, mas com diferentes níveis de experiência e perspectivas em como alcançar este alvo comum e na maioria das vezes este é um grupo multicultural, isto, por si só, já é um sinal da probabilidade de conflitos.
Para a igreja que quer responder de forma obediente e contínua ao chamado do Senhor (Marcos 16:15), aprender como atuar diante dos conflitos é uma das respostas necessária para ultrapassar barreiras que irão surgir e compreender através de forma mais ampla novas possibilidades de como cumprir este chamado: “O conflito é um sinal de que existem verdades mais amplas e perspectivas mais belas.” A. N. Whitehead.
A combinação de problema relacional x problema factual O “conflito significa um fenômeno social que surge quando pessoas interagem e buscam alvos em comum... denota um fenômeno interpessoal, caracterizado pela combinação de um problema factual com um problema de relacionamento” (PROKSCH, 2016, p. 2) e é justamente o relacionamento um dos fatores do retorno prematuro de obreiros do campo missionário. Depois de ultrapassar vários desafios desde a mobilização, treinamento, levantamento de recursos e envio destes obreiros, e no momento que estes já estão no campo missionário a não solução entre a combinação das pressões neste campo e as dificuldades relacionais com a equipe receptora torna-se o fator causante do retorno prematuro destes mesmos obreiros!
Algumas formas de atuar podem colaborar ainda mais para o crescimento e não solução dos conflitos, destacamos duas: Negação que é uma das formas de evitar a solução do conflito, como se ele não existisse, infelizmente é uma das formas ativas e a somado à distância, entre a igreja que envia e os obreiros que já estão no campo, colabora ainda mais para isto. Escape é outra forma comum, saindo do lugar onde é necessário estar para escutar as diferentes partes para buscar encontrar um caminho para a conciliação, é fomentada muitas vezes pela desculpa de uma intensa “agenda de trabalho ministerial”.
Analisando um exemplo bíblico: Paulo e Barnabé foram enviados por ordem do Espírito Santo pela igreja de Antioquia (Atos 13:2), mas ainda assim tempos depois aconteceu que “...tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre” (Atos 15:39). Este então seria o momento de buscar a conciliação, mas infelizmente não vemos aqui o apoio de um mediador para o conflito entre Paulo e Barnabé, apesar de haver profetas e doutores nesta igreja (Atos 13:1).
Analisando um exemplo contemporâneo: Há uma necessidade de novos obreiros para servirem nos diferentes campos missionários, o Senhor Jesus disse que deveríamos orar por novos obreiros “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.” Lucas 10:2. Pensando em campos onde há pouquíssimos obreiros brasileiros servindo, como por exemplo no Norte da África (região com mais de duzentos milhões de pessoas, formada por seis países de maioria muçulmana, que proíbem a pregação do Evangelho, onde estão servindo hoje aproximadamente apenas trinta obreiros brasileiros). Imagine como seria se tivéssemos a chegada de novos obreiros para começarem a servir nesta região.
Com certeza esta seria primeiro uma grande benção! Não é mesmo? Resposta às orações de muitos! Mas ao mesmo tempo uma possibilidade de conflitos: um deles é o CONFLITO INTERGERACIONAL. Estará no campo uma geração experiente, que já está trabalhando de forma comprometida há vários anos e outra geração inexperiente, que acaba de chegar com plena disposição para o trabalho.
Como missionários passamos pelas duas experiências: a primeira, quando chegamos no campo, onde éramos quase que tratados como crianças (nossos líderes além da grande experiência também tinham idade quase para serem nossos pais) e depois de alguns anos, já atuando como líderes, quando recebemos por primeira vez novos obreiros de diferentes nacionalidades.
Através da Conciliação trazer aprendizado e fortalecimento Para ambos os casos acima (bíblico e contemporâneo) entendemos que a solução é a mediação de conflitos e cuidado. Inclusive a Bíblia nos instrui desta mesma maneira a buscarmos a solução do conflito (Mateus 5:23-24).
Como ferramentas elementares sugerimos espaços para conversa aberta sobre estes temas desde a preparação de todos os envolvidos no processo de envio e até no serviço de missionários no campo.
Desta maneira teremos a oportunidade para identificar a forma como individualmente resolvemos conflitos (tartaruga, leão, zebra, camaleão ou golfinho*), dar espaço para a atuação de mediadores de conflitos (ainda nos momentos prematuros para a solução destes conflitos) e isto proporcionará a renovação e enriquecimento do aprendizado e fortalecimento para o trabalho pois... “O conflito é um sinal de que existem verdades mais amplas e perspectivas mais belas.” A. N. Whitehead.
Rey Ty, usando figuras do mundo animal, descreve assim as características dos seres humanos na resolução de conflitos: Tartaruga: evita tratar com o inimigo. Evita tratar do problema “batendo de frente”; prefere fugir, correr e, não se preocupa com a outra pessoa. - Leão: Tem que ganhar sempre. É competitivo; um guerreiro, lutador; ganhar sempre e quer que o outro perca todas às vezes. - Zebra: Se contenta em ganhar algumas vezes e perder outras vezes. Prefere compactuar, barganhar; quer negociar; fica bem ganhar ou perder algumas vezes. - Camaleão: Honestamente, não se importa em perder. Prefere acomodar-se a situação, aos outros; auto sacrifício; não se importa que o outro ganhe e, não se importa em perder. - Golfinho: Quer que os dois ganhem. Prefere colaborar; gosta de resolver problemas em conjunto e, quer ganhar e que o outro também ganhe.

E.RIBEIRO, é formado em Radialismo, Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Aconselhamento Cristão Contemporâneo e juntamente com sua família são missionários desde o ano 2002 entre nossos amigos muçulmanos no Norte da África, aprendendo e servindo com a igreja que é perseguida nesta região. São fundadores do projeto Eu Oro pelo Norte da África.