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MUÇULMANOS NO BRASIL

Atualizado: 7 de dez. de 2021

Há uma grande possibildade de na cidade onde vive ou em viagens pelo Brasil você já ter visto algum muçulmano estrangeiro. Pode ter visto pessoas que se vestem de forma diferente caminhando pelas ruas de sua vizinhança ou até ter tido a oportunidade de escutar idiomas que você não entende enquanto esperava na fila de algum centro comercial.

Mas algumas destas experiências podem ter sido até mais pessoais como aconteceu com minha sogra que há poucos dias cortou seu cabelo com uma senhora palestina ou como no caso de alguns jovens voluntários que estão podendo servir aos filhos de imigrantes sírios na aprendizagem do português no interior de São Paulo.

Com minha família tivemos uma experiência linda há três anos atrás: durante um período curto no Brasil tivemos a oportunidade de conhecer duas famílias marroquinas, uma delas havia acabado de chegar em nosso país e estavam com muitas dificuldades na comunicação, adaptação e tinham diferentes necessidades, o contato foi feito através de uma irmã em Cristo, assistente social da prefeitura da cidade. Ao chegarmos no lugar onde o casal marroquino estava hospedado tocamos a campainha e quando abriram a porta saudamos à eles em árabe dizendo السلام عليكم ‘salam ualeikum’ (paz sobre suas vidas) e seguimos conversando em árabe buscando saber como estavam e no que poderíamos ajudar. Os olhos deste casal brilharam ao olhar para nós, pois a princípio imaginavam que éramos seus compatriotas (marroquinos que viviam no Brasil )… mas quando souberam que éramos na verdade brasileiros que falávamos o idioma árabe porque tínhamos vivido no Norte da África por mais de dezesseis anos, quase não podiam acreditar! Durante os dias que restaram daquela viagem tivemos a oportunidade de escutá-los, conhecer mais das necessidades que enfrentavam e também conectá-los com um bom grupo de irmãos e irmãs (membros de uma igreja local) que não somente ajudaram mas que principalmente se tornaram amigos desta família muçulmana! Para nós foi uma grande surpresa e também uma benção encontrar em uma cidade do interior de São Paulo famílias muçulmanas do Norte da África.


Bem está é a diáspora! Ela já acontece de maneira intensa em países da Europa e agora ela também chega com mais força no Brasil.

O termo diáspora tem a ver com dispersão e refere-se ao deslocamento, forçado ou não, de um povo pelo mundo. Foi largamente utilizado para nomear os processos de 'dispersão' dos judeus entre os séculos 6 a.C (cativeiro na Babilônia) e atualmente no descolacamento de pessoas ao redor do mundo devido a perseguição, guerras e busca de melhores condições de vida.
Através da diáspora muitos muçulmanos tem chegado ao Brasil

O Brasil é um país acolhedor e com portas abertas!

Em entrevista para para a Agência Árabe de Notícias o engenheiro sírio Talal Altinawi (foto abaixo), de 48 anos, conta que em 2013 veio para São Paulo com a mulher e seus dois filhos. Era mais um entre tantos refugiados que precisaram deixar suas casas em meio ao conflito que atinge o país desde 2011. Ele passou pelo Líbano antes de seguir para a capital paulista.

“A vantagem de estar no Brasil é que aqui as pessoas ajudam muito umas às outras e fazem isso com o maior prazer do mundo. Isso não acontece em todos os países”

Desde que chegou ao país, Altinawi já vendeu comida sob encomenda, abriu um restaurante após juntar recursos em um rateio virtual e fechou o restaurante dois anos depois. Altinawi já morou no bairro do Brás, na região Central. Hoje, no Campo Belo, zona Sul da capital paulista, voltou a fazer comida sob encomenda, em um processo que ele define como o de construção em sua vida no Brasil. “A desvantagem que vejo aqui, e não só aqui, é que a crise financeira dificulta o nosso crescimento”. Com a pandemia, as dificuldades cresceram: “Estávamos nos estabilizando, crescendo, mas a pandemia atrapalhou tudo. Ainda não estamos como gostaríamos, mas continuamos a tentar”, diz.


Mesmo em meio aos desafios, Talal se estabeleceu no Brasil. Hoje seus filhos mais velhos têm 18 e 15 anos. E a caçula, que nasceu em São Paulo, tem seis anos. “Volto para a Síria um dia para visitar o país, mas não para morar. Meu lugar de viver é o Brasil”, afirma.


Altinawi é sírio e reconhece a importância do acolhimento que recebeu no Brasil

O que a Diáspora significa para você como brasileiro?

Esta é uma pergunta muito importante e não deve ser respondida de forma rápida, é importante considerar de forma séria buscando responder por exemplo quais são pensamentos e sentimentos lhe vem primeiro ao pensar sobre, ao ver o noticiário local falando da chegada de novos imigrantes e também ao experienciar na sua vida cotidiana.


Mas a incompreensão é algo ainda bastante comum a respeito da diáspora, não são poucas as pessoas que não entendem porque chegam tantos imigrantes em nossa nação vindos de países árabes, eles desconhecem que são motivadas pela guerra, perseguição e busca por melhores condições de vida. Também percebemos como o medo pode estar presente, muitas vezes motivado por falsas informações propagadas por redes sociais. Como consequência da incompreensão e o medo o distanciamento é o passo seguinte. Assim sendo, equivocadamente, nos apartamos e não buscamos interagir com refugiados e imigrantes muçulmanos.


Mas a grande oportunidade que temos neste momento é de justamente nos aproximarmos para servir a cada um destes amigos muçulmanos que estão chegando em nosso país! Isto significará muito e sem dúvida será um marco para eles, pois apesar de tudo o que tenham escutado ou aprendido em seus países de origem, sobre a Bíblia e como vivem os cristãos, agora através desta relação pessoal de serviço, eles terão a oportunidade de ver o verdadeiro amor de Jesus Cristo sendo expressado.

Um bom exemplo de como esta oportunidade está sendo muito bem aproveitada são as ações realizadas por organizações como a Compassiva, ela tem como visão: "Ser demonstração da compaixão de Deus para crianças, adolescentes, mulheres e refugiados em situação de vulnerabilidade.", são vários os projetos que realizam, destacamos aqui a importante ação na revalidação de diplomas para os imigrantes que chegam ao Brasil.
Equipe da Compassiva é uma referência no trabalho na diáspora

André Leitão (à esquerda), um dos fundadores da organização Compassiva, serviu com sua família durante vários anos no Norte da África. Esta experiência com certeza tem servido muito para o trabalho que estão realizando agora em São Paulo, capital. Mas assim como eles, há outros cristãos brasileiros que também já viveram em países de maioria muçulmana mas tiveram que retornar e hoje estão buscando servir na diáspora em nosso país (seja nas grandes cidades do Brasil mas também no interior) e oramos que a igreja brasileira saiba aproveitar muito bem esta experiência de cada uma destas famílas, aprendendo através deles as melhores formas de serviço a cada família muçulmana que está sendo integrada na sociedade brasileira.


Ações pequenas também falam muito

Por fim, é importante aprendermos com organizações que estão realizando há anos um sério trabalho em grandes projetos que realizam, mas também não podemos esquecer que pequenas ações falam muito alto. Don Mc Curry, com quem tive a oportunidade de aprender pessoalmente, em seu livro "Esperança para os Muçulmanos" lembra que uma boa maneira de interagir com a familia muçulmana que se tornaram vizinhos é preparar um delicioso bolo de chocolate e levar para eles com um grande sorriso no rosto.


Mas se você é como eu e não tem tantos dotes culinários, não há problema pois dizer um bom dia, iniciar uma conversa são ações simples que falam muito alto: Aprendemos com Jesus Cristo a ultrapassar as barreiras que nos separam (João 4)... ele começou pedindo apenas um copo de água!


Anos atrás em uma viagem ao Norte dos Estados Unidos, enquanto caminhava por uma rua vi um cartaz no jardim de uma casa que dizia: "Não importa de onde você veio, estamos muito felizes que seja nosso vizinho!", o detalhe é que o cartaz estava escrito em espanhol, inglês... e árabe! Este então é o convite: busque ser amigo de seu vizinho muçulmano!



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Autor: E. Ribeiro é casado e junto com sua família servem desde o ano 2002 no Norte da África. Missionário transcultural através da Missão Sepal www.sepal.org.br é fundador do projeto ‘Eu Oro pelo Norte da África’ - www.euoropna.com, também é Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Aconselhamento Cristão Contemporâneo e Radialismo.





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