NORTE DA ÁFRICA? VEM E VÊ...
Há poucos dias tive a oportunidade de retomar as viagens para o Norte da África, foi a primeira depois da Pandemia. Planificamos propósitos específicos e um pastor brasileiro esteve me acompanhando. Viajamos juntos por 7 cidades daquele país e aqui você vai saber um pouco mais sobre a viagem!
Há vários anos através do nosso site EU ORO PNA e também em nossas publicações em Youtube, Facebook, Instagram buscamos tornar cada vez mais conhecida a realidade da igreja que é perseguida no Norte da África. Compartilhamos também a realidade de milhares de muçulmanos que vivem nesta região e ainda não ouviram as Boas Novas de Jesus Cristo (são mais de 200 milhões de pessoas que vivem em 6 países que proíbem a pregação do Evangelho).
Mas para compreender melhor esta complexa realidade há um princípio muito importante: é sempre melhor ouvir e ver com os próprios olhos! Foi isto que um pastor brasileiro pôde experimentar durante uma semana! Ele esteve me acompanhando na primeira viagem missionária que pude fazer, após a Pandemia, para um país do Norte da África.
Você está lembrando que Felipe, discípulo do nosso Senhor sabia a respeito deste princípio? Foi assim quem fez o convite para que Natanael conhecesse a Jesus:"Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê." João 1:46.
Foram diferentes paisagens que observamos durante a longa viagem que fizemos. Haviam cidades modernas e com grande população, outras cidades bem pequenas (como esta no vídeo), mas em todas elas era possível ver mesquitas sempre presentes!
1. PASTORES BRASILEIROS, VOCÊS SÃO BEM-VINDOS NO NORTE DA ÁFRICA!
A planificação desta viagem nasceu há quase um ano, quando conheci este pastor no sul do Brasil. Foi no final do ano 2020, durante 30 dias de muito trabalho em mobilização por várias cidades. Estive em 5 estados brasileiros (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul).
Apesar de ser um período difícil durante a Pandemia no Brasil (bandeira preta), Deus nos permitiu começar a sonhar e planificar esta viagem exploratória ao Norte da África. Era somente um plano... um sonho, mas Deus tornou isso possível!
Qual a importância da viagem de um pastor brasileiro para conhecer o Norte da África?
Primeiro que não são muitos os pastores e líderes brasileiros que já tiveram a oportunidade de viajar e conhecer mais a fundo um país muçulmano do Norte da África. Segundo porque são justamente os pastores e líderes de igrejas que poderão seguir ensinando e desafiando os membros em suas igrejas locais no cumprimento da grande comissão nos dada por Jesus Cristo (Mc. 16:15). Se Missões é uma prioridade da igreja, compartilhar entre aqueles que ainda não ouviram (Rom. 15:20) é a prioridade das prioridades!
A experiência de quase duas décadas servindo nesta região, uma graça e favor de Deus, nos permite neste tempo ser uma ponte para que outros tenham a oportunidade de estabelecer laços com pastores e líderes cristãos da igreja perseguida (todos norte-africanos).
Além disso o pastor que fizer uma viagem como esta, verá de perto a realidade que temos compartilhado. Foi uma semana intensa, ouvindo e interagindo com cristãos perseguidos com perguntas que trouxeram respostas e ampliaram a compreensão do trabalho de Deus nesta região (Missio Dei). Ao retornar para o Brasil, este pastor poderá agora compartilhar sobre tudo o que viu e ouviu e oramos para que o Espírito Santo guie esta e outras igrejas na forma que deverão atuar a partir disto.
Este pastor brasileiro teve a oportunidade de conhecer e conversar com pastores e líderes norte-africanos, ex-muçulmanos que hojem seguem Jesus Cristo. Eles vivem de forma comprometida uma vida inteira para Deus e seguem trabalhando, em um contexto de perseguição, para verem seus compatriotas muçulmanos conhecerem a Cristo.
Durante a mobilização no Brasil este foi um momento muito especial para dezenas de pastores e líderes de igrejas no interior do estado de São Paulo.
2. PORTAS FECHADAS OU... NOVAS OPORTUNIDADES?
Quando pensamos no trabalho em países de maioria muçulmana é comum pensarmos em"portas fechadas". Por um lado isto é verdade, há sérias restrições para o trabalho missionário em todo Norte da África, mas Deus sempre tem caminhos e portas abertas (Ap. 3:8) simplesmente temos que seguir aprendendo com Ele e perceber quais são as novas portas e oportunidades para entrada de novos obreiros.
Louvamos ao Senhor porque nesta viagem vimos oportunidades para que, mesmo com restrições, obreiros brasileiros sigam entrando para servir neste país no Norte da África. Queremos ser ponte de envio e vermos mais obreiros entrando por estas portas.
3. ENCONTRO COM LÍDERES MADUROS E QUE TRABALHAM SÉRIO!
Alguns, infelizmente, tem um entendimento equivocado de que grande parte dos líderes de igrejas no Norte da África (cristãos norte africanos) seriam imaturos ou não treinados para o trabalho ministerial. Mas este foi outro ponto alto nesta viagem, pois o pastor brasileiro pôde testificar em cada conversa com esses irmãos, como eles também, apesar das dificuldades impostas, encontraram oportunidades para serem treinados em Seminários Teológicos presenciais (alguns deles saíram do país e posteriormente retornaram para o Norte da África) e outros de forma on-line. Além disso em cada um deles vimos sempre: humildade, madurez, sabedoria, visão clara do Reino de Deus e disposição para servirmos juntos (Salmos 133)! O número de cristãos ainda é pequeno no país, a igreja não têm liberdade de culto (se reúne de forma secreta nos casas) mas com incontáveis testemunhos de como Deus está trabalhando entre eles.
O primeiro pastor norte-africano com quem pudemos conversar foi ainda na Espanha. Pr Youssef Jabiri é pastor da Igreja Árabe em Málaga, a primeira igreja para a comunidade do idioma árabe na Espanha (atualmente também há igrejas árabes nas cidades de Madrid e Barcelona, uma em cada cidade). Ele gentilmente nos recebeu em uma manhã e compartilhou informações que foram muito importantes para toda a viagem que realizaríamos nos dias seguintes para o Norte da África.
Pr Youssef Jabiri nasceu em 1973 no Marrocos, em uma família cristã, aos 17 anos recebeu o Senhor como seu salvador, logo depois em seu tempo de intimidade com Deus recebeu o chamado do Senhor para servi-lo. Foi batizado em 1992, e no ano 1999 se formou no Seminário Teológico Batista Árabe de Beirute, Líbano. Em 2002 ele se estabeleceu em Málaga, onde tem um ministério usando mídia de telecomunicações e mídia social para alcançar os norte-africanos com a palavra da salvação apresentando Jesus, que transforma vidas e dá a vida eterna. Ele também é um dos líderes da Igreja Árabe Internacional de Málaga.
Entre os projetos de mídia destacamos a produção "Marroquino e Cristão" - https://www.youtube.com/c/MoroccanandChristian um canal apresentado por cristãos marroquinos de diferentes grupos e segmentos no qual explicam sua fé e respondem a perguntas relacionadas ao seu patriotismo e respondem a rumores e equívocos sobre cristãos marroquinos. Os apresentadores desta produção não vivem mais no Norte da África, pois nesta região há sérias proibições e restrições para o cristianismo. Mas estes cristãos que vivem fora do país são o rosto de muitos cristãos que vivem no Norte da África e ainda não têm liberdade para viverem sua fé. Através desta produção estes irmãos tem conseguido ultrapassar estas barreiras e compartilham as Boas Notícias com milhares de muçulmanos em toda esta região, na página em Facebook Moroccan and Christian já possuem um aproximado de 50k de Likes e também há muita interação em cada novo vídeo que postam!
Ao iniciar o trabalho missionário na região do Norte da África deveremos estar abertos e dispostos a aprender com pastores e líderes norte-africanos, que já trabalham de forma séria e comprometida. Eles ainda são poucos, mas vemos neles humildade, maturidade, sabedoria, visão clara do Reino de Deus e muita disposição para seguirmos compartilhando juntos as Boas Novas com seus compatriotas muçulmanos.
Quando pensamos no trabalho missionário a longo prazo no Norte da África é muito importante caminharmos lado a lado com pastores e líderes locais desde o princípio. Além de fortalecer o crescimento a avanço do trabalho da igreja local, sempre resultará na continuidadade do trabalho (lembremos que estes são países fechados e é comum, em algum momento, a expulsão dos obreiros estrangeiros). Há vários casos em que os missionários que tiveram que sair do país e o trabalho infelizmente não teve continuidade por não haver uma caminhada lado a lado com cristãos locais.
Com igual importância teremos a oportunidade de compartilhar algumas lições que aprendemos em nosso contexto de crescimento na igreja brasileira com estes irmãos, mas jamais este compartilhar deverá ser algo impositivo sobre a igreja perseguida (simplesmente virmos com um projeto pronto para ser aplicado sobre eles). Esta é uma ação equivocada e infelizmente ainda praticada por organizações cristãs e missionários de diferentes nacionalidades que vêm para servir na região do Norte da África.

Pr Youssef Jabiri (primeiro à esquerda) é pastor da Igreja Árabe em Málaga, Espanha. Junto com Iman, brother Rachid, Atiqa, irmão Gadi e equipe apresentam os vídeos de "Marroquino e Cristão". O canal em Youtube tem quase 2 milhões de visualizações!
4. PREPARAÇÃO DO CANDIDATO AO CAMPO MISSIONÁRIO
Por que esperar para iniciar o estudo do idioma árabe?
Normalmente um obreiro quando é enviado para servir no Norte da África pode levar em média 2 anos (ou mais) até sentir-se seguro para comunicar-se sozinho no idioma árabe. Infelizmente alguns, logo após este período de longa aprendizagem, tem que retornar para seus países de origem (expulso do país, saúde, falta de sustento, questões familiares e dificuldades na relação com a equipe que o recebe são alguns dos motivos).
Além do longo tempo e esforço para a aprendizagem do idioma há também o custo que é alto. Isto porque são estrangeiros que buscam aprender o árabe (dialetal ou clássico) e também porque será necessário dedicar várias horas em aulas presencias e também com ajudantes do idioma para praticar, corregir e ganhar a fluência adequada.
Me lembro há vários anos atrás um pastor brasileiro me fez duas perguntas:"Quanto tempo em média se demora para aprender o idioma árabe?", a resposta foi de aproximadamente 2 anos (em média) se há um bom programa e condições adequadas para o estudo. "Em que momento este obreiro pode ser expulso do país?", e quando disse à ele que poderia ser em qualquer momento, inclusive logo após o término deste tempo de aprendizagem do idioma, a resposta dele foi que para ele seria muito, muito difícil servir desta maneira.
Neste sentido durante esta viagem conseguimos começar a planificar algo que poderá colaborar com o treinamento do estudo de idiomas para os candidatos brasileiros que querem servir no Norte da África. Isto por meio de uma parceria com cristãos do Norte da África, pedimos suas orações por isto e em breve esperamos compartilhar mais informações!
5. ONDE É PROIBIDA A PREGAÇÃO DO EVANGELHO
Desde a entrada no país é perceptível a tensão existente. Mas após tantos anos servindo nesta região isto acaba fazendo parte da normalidade vivida. Antes de iniciar a viagem compartilhei com o pastor que me acompanhava minha empolgação em fazer a primeira viagem após a Pandemia, apesar disso que era importante que ele soubesse que sempre há a possibilidade da viagem não ser concluída, isto porque não sabemos quando será a última oportunidade de entrar no país.
Durante os dias que estivemos no Norte da África fomos informados que um grande amigo não pôde entrar no país e teve que regressar no mesmo avião que havia acabado de desembarcar. Vários obreiros já passaram por esta difícil situação! Anos atrás tivemos 15 dias para sair do país que vivíamos no Norte da África, outros amigos que também serviam nesta região que foram tiveram que sair do país até de forma imediata.
Talvez seja difícil a compreensão para a igreja brasileira da imposição existente nos países do Norte da África para o trabalho missionário, mas ela é real e este pastor pôde ver isso de perto. Por isso é importante entendermos e também estarmos preparados para seguir enviando novos obreiros para ocuparem o lugar daqueles que foram proibidos de entrar ou foram expulsos do país que serviam no Norte da África.

6. DEUS AMA NOSSOS AMIGOS MUÇULMANOS E SEGUE NOS CHAMANDO COMO IGREJA BRASILEIRA.
Sem sombra de dúvida Deus ama aos milhares de muçulmanos que vivem no Norte da África e está chamando sua igreja no Brasil para ser sal e luz entre eles. Mais uma vez neste viagem pudemos ver esta graça especial, ao sermos recebidos de forma calorosa e até sermos confundidos como norte-africanos (fisicamente podemos até ser muito parecidos).
Há um encorajamento mútuo pois encontramos caminhos abertos para servirmos juntos com líderes cristãos norte-africanos, apoiando-os nas iniciativas que estão realizando diante do grande desafio que tem pois seguem, apesar da perseguição, levando as Boas Novas aos seus compatriotas.
Esta foi uma viagem e tanto mas... A pergunta que fica é qual será o passo diante do chamado de Deus? - Se você é pastor ou líder de missões em sua igreja quero lhe convidar a orar e perguntar para Deus. Sim! Uma simples oração para perguntar para Deus qual passo deve ser dado diante desta realidade no Norte da África. Se você é um cristão brasileiro quero lhe convidar também a continuar orar por novos obreiros (Mat. 9:38), pois são poucos os que servem em uma região tão grande (aproximadamente 30 brasileiros entre mais de 200 milhões de pessoas, grande maioria muçulmana, no Norte da África) e lembre que sua vida pode ser uma resposta a esta oração. Quem sabe se na próxima viagem para o Norte da África será você quem estará nos acompanhando? Se Deus está chamando você para unir-se à Ele em sua missão no Norte da África lembrem que também estamos aqui e para nós será uma alegria servirmos à Deus JUNTOS!
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Autor: E. Ribeiro é casado e junto com sua família servem desde o ano 2002 no Norte da África. Missionário transcultural através da Missão Sepal www.sepal.org.br é fundador do projeto ‘Eu Oro pelo Norte da África’ - www.euoropna.com, também é Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Aconselhamento Cristão Contemporâneo e Radialismo.